Fala galera! Hoje é domingo, dia de ficar em casa e ler o Nerd Nighters. Hoje continua a jornada de John. Mais uma vez espero que gostem. Ótima semana a todos.

Ironin

...subitamente John acordou.

Uma dor aguda dominou a cicatriz onde Ariana cravara o punhal enfeitiçado que salvou sua existência.

Mais uma vez os fantasmas do passado vieram atormentar-lhe o sono. Desde que a Tormenta se instaurou em sua vida os sonhos com o dia em que tudo começou esporadicamente apareciam para lhe lembrar.

Apesar da luz da alvorada começar a aparecer, havia algo de obscuro naquele quarto. Ou melhor, naquele castelo.

Sua cama era de madeira de lei simples (diferente da pomposa cama dos tempos que era rei de Miriade). Levantou-se e caminhou em direção ao lavatório (um móvel de madeira com uma plataforma de mármore onde localizava-se uma jarra, uma bacia e um espelho), despejou um pouco de água na bacia, pegou um pouco com as mãos e lavou seu rosto.

Ao terminar contemplou o espelho. Estava mais velho e sério do que se lembrava. Possuía ainda os olhos castanhos determinados de sua família, mas hoje sem o brilho de outrora. Seus cabelos lisos estavam longos, a barba antes bem aparada hoje estava desgrenhada e fazendo o contorno de seu maxilar quadrado. Se não fosse todo o descuido, seria bonito.

Fechou os olhos e jogou um pouco mais de água contra o rosto.

Enquanto tentava relaxar sussurros invadiram novamente o ambiente. Olhara em volta, e não via nada. Um arrepio agudo correu pelas costas de John. O ruído ia crescendo. Em sua janela havia a silhueta de um homem.

A sombra moveu-se rapidamente em direção a sua porta. Pode observar pelo vão inferior da porta o vulto passando em frente seu quarto e indo para longe. Os ruídos cessaram.

- John, seu patife acorde! Hora de se preparar. – A voz de Marcos, mestre dos cavalos acalmou John.

- Pro inferno, Marcos! Vá assustar seus cavalos – Respondeu John rindo.

Desde o desaparecimento de Theodor os dias eram cada vez mais sombrios naquele castelo. Theodor Ferreth era rei Ironin, sua rainha era uma amiga de longa data: Selena.

Ela acolhera John nos dias que sucederam a Tormenta. Tinha certeza que fora acolhido não só pela amizade como também pela sua perícia de batalha, tanto que logo fora designado para fazer a guarda pessoal da rainha.

Os dias de guarda não eram dos piores e tornaram-se especialmente interessantes após o desaparecimento de Theodor.

A rainha tornara-se carente e logo as noites de John ficaram interessantes. Tinha a esperança de voltar a ser rei em breve, se a morte de Theodor fosse confirmada.

O problema era o turbilhão político que se instaurou em Ironin, o que vinha dando problemas e fazendo o trabalho de John ser solicitado com frequência.

Precisava preparar-se. Em breve será convocado para mais uma vez fazer a escolta da rainha na reunião do conselho.

Vestiu-se com sua cota de escamas de dragão. Olhou ao lado da cama, onde localizava-se uma espada. A lâmina tinha reflexos avermelhados, a guarda  possuía forma de águia em posição de ataque, ornada com dois pequenos rubis no lugar dos olhos e asas voltadas  para a direção do punho, o qual era revestido com couro e finalizado com uma enorme safira. A beleza de Ignis ainda o encantava.

Pegou sua espada e prendeu-a na cintura.

Entre o cinto e a cota colocou o punhal de Ariana. Preparava-se para colocar seu escudo pintado de branco nas costas, quando Olivier bateu a porta.

- Mestre Hawk, seus serviços são solicitados – disse o sorrateiro conselheiro real.

- Estou indo Olivier.

John terminou de colocar o escudo nas costas e caminhou em direção a porta. Ainda podia-se ver vagamente a águia da casa Hawk desenhada no escudo, por baixo da nova pintura.

Dirigiu-se aos aposentos da rainha.

Saiu de seu quarto e seguiu para a direita, contornando os jardins, indo em direção a torre da rainha. A construção retangular estava em boa conservação, toda feita em pedras. Parecia ser bem robusta.

Diziam que era repleta de passagens secretas. John sabia que era verdade, pois como guarda pessoal da rainha conhecia algumas delas.

Como de praxe aguardava a rainha em frente a porta, na base da torre. Estava observando o castelo. Rivenluth era uma fortificação antiga e mostrara-se inexpugnável em toda sua existência. Do outro lado dos jardins podia ver a movimentação dos homens, liderados por Marcos, cuidando dos estábulos.

A sua direita estava um grande portão arqueado que servia de entrada para a zona principal do castelo. Durante sua contemplação começou novamente a ouvir os sussurros, agora vindos de dentro da torre. Virou-se e abriu a porta. Viu-se de frente para a sala principal. Uma lareira ainda em brasas do outro lado do salão ficava cravada na base de um segundo piso, onde localizava-se o quarto da rainha. O acesso a esse patamar era via duas grandes escadarias laterais. Existiam ainda pequenas acomodações laterais encostadas nas escadas para visitantes e uma mesa centralizada para refeições. Entrou e enquanto caminhava na direção do quarto, os sussurros transformavam-se em sibilos. Terminara de subir as escadas e olhou para a porta da rainha. Pela fresta inferior podia enxergar duas pessoas nos aposentos reais, quando aproximou-se uma delas se mexeu, parecendo virar-se para a porta. Um grande estampido metálico invadiu os ouvidos de John que em reflexo sacou Ignis da bainha. Numa fração de segundos a uma das sombras desapareceu e junto com elas, os ruídos.

A porta se abriu.